Bom comportamento traz recompensas para o Brasil, diz 'FT'
"Notas de Real"
O bom comportamento do setor bancário no Brasil, além da sorte com as novas descobertas no campo do petróleo, traz altas esperanças para o Brasil, segundo reportagem publicada nesta quinta-feira no diário britânico Financial Times.
Em um caderno especial sobre "Os Novos Grandes", de apresentação para o Fórum Econômico Mundial na Ásia, a reportagem afirma que o Brasil "vem confundindo céticos que duvidaram de sua robustez econômica, com recente demonstração de vigorosa vida corporativa".
Segundo a reportagem, graças às boas políticas econômicas, e um pouco de sorte com o preço de exportação de commodities, o país, um dos últimos a entrar em recessão, será, provavelmente, um dos primeiros a sair.
O jornal ressalta que apesar de as descobertas do petróleo na camada pré-sal dominarem as manchetes, "é o setor financeiro que vai agir como arauto de uma ampla recuperação corporativa do Brasil".
O setor bancário brasileiro se manteve conservador nos últimos anos, regulamentado pelo Banco Central, e mesmo quando a recessão chegou, o governo conseguiu aprovar medidas para encorajar os bancos a emprestar mais.
"Já há sinais de um retorno à forma nos mercados de crédito brasileiros, que vinham crescendo a taxas de 25% a 30% antes da crise", afirma o jornal. "O retorno do crédito vai ajudar a lubrificar os gastos dos consumidores e impulsionar empresas de varejo no cenário mundial".
"Empresas como a de cosméticos Natura, e a Hypermarcas, de alimentos, produtos de limpeza, higiene e medicamentos devem acelerar os planos de expansão no exterior."
Segundo o FT, essas empresas vão se unir ao grupo de multinacionais brasileiras, que já atraem investimentos estrangeiros, como a Vale, a Petrobras e a Gerdau.
"O Brasil chega a desafiar os pessimistas que vêem o mercado de trabalho e a burocracia como inflexíveis e com potencial para prejudicar a recuperação", afirma a reportagem.
Mas, diz o FT, apesar das boas notícias, os próximos meses não serão de total tranqüilidade e algumas empresas, mais expostas à crise econômica, levarão mais tempo para se recuperar.
"Alguns setores foram prejudicados pelo excesso de confiança. O setor do açúcar e do etanol atraiu muito investimento e algumas empresas ficaram extremamente alavancadas. Isso se provou um legado terrível na queda da economia e algumas empresas agora enfrentam falência. Mas, mesmo neste setor há sinais de melhoras, com o preço do açúcar chegando ao patamar mais alto dos últimos 30 anos."
Para o FT, outro fator que pode atrapalhar a recuperação financeira são as eleições presidenciais, que devem causar incertezas no mercado, apesar de que o próximo presidente não deve alterar significativamente as políticas econômicas ou industriais.
"No passado, a economia brasileira e o setor corporativo eram afetados por todas as crises globais. Desta vez o Brasil está escapando relativamente ileso", afirma o FT.
"Isto deve ter dois efeitos positivos. Deve alterar fundamentalmente a percepção de risco, tornando o investimento mais barato, enquanto dá às empresas brasileiras uma vantagem substancial enquanto a recuperação global avança", conclui.
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